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31 de jan. de 2010

POEMA DE CECÍLIA MEIRELES



O Olho é uma espécie de globo,
é um pequeno planeta
com pinturas do lado de fora.
Muitas pinturas:
azuis, verdes, amarelas.
É um globo brilhante:
parece cristal,
é como um aquário com plantas
finamente desenhadas: algas, sargaços,
miniaturas marinhas, areias, rochas, naufrágios e peixes de ouro.
Mas por dentro há outras pinturas,
que não se vêem:
umas são imagens do mundo,
outras são inventadas.
O Olho é um teatro por dentro.
E às vezes, sejam atores, sejam cenas,
e às vezes, sejam imagens, sejam ausências,
formam, no Olho, lágrimas.
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30 de jan. de 2010

MODIFICAÇÕES DA SALA DE AULA PARA UMA CRIANÇA COM PROBLEMAS VISUAIS

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- Ponha a criança na posição recomendada. Para reduzir o excesso de brilho, por exemplo, ponha a criança de costas para a porta.

- Proporcione adequada iluminação preferentemente iluminado completo, luz fluorescente ou incandescente.

- Use uma mesa que proporcione uma boa postura da cabeça e dos olhos. Monitore a postura da criança quando estiver escrevendo.

- Use papel com bordas enquadradas com margem de cor nas quatro bordas e uma caneta que escreva escuro ou um lápis 6b para escrita.

- Giz escuro no quadro negro é mais fácil ver que um quatro branco que se usa com marcadores.

- As atividades de escrita e leitura devem realizar-se durante a manhã.

- Permita que a criança faça seu trabalho próximo por intervalos de quinze minutos, tomando períodos de descanso.

- Assegure-se que a criança coloque lentes quando o recomendarem.

- Faça as frases de espaço duplo para que as leia mais facilmente.

- Trate de considerar o tipo e tamanho das letras usadas.

- Reduza a quantidade de distração visual na sala de aula. Trate de não decorar de maneira exagerada o quadro.

- Não repreenda (castigue) a criança com problemas visuais por sua letra ruim.

- Estimule o pensamento visual.
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INTERPRETAÇÃO COM BASE NA MEMÓRIA VISUAL

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De aorcdo com uma peqsiusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as Lteras de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia Lteras etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma bçguana ttaol, que vcoê anida pdoe ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa Ltera isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo.


Lendo estas palavras desordenadas, o hemisfério esquerdo interpreta as letras e se lê propriamente dita, mas o hemisfério direito reconhece as palavras como um todo, como uma imagem, assim evita que a confusão nas letras dificulte a leitura.
As crianças apreendem a palavra escrita como um todo, bem como entender a palavra falada, independentemente de quantas letras ou quantos sons são combinados para pronunciá-la. Porque o tempo em que a criança aprende a falar é o tempo para aprender a ler.

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A visão é a habilidade de poder processar e entender informações visuais. Esta inclui a visão dos olhos, movimento dos olhos , binocularidade, focalização, percepção de profundidade, visão de cores, visão periférica e a percepção e processamento visual, e a habilidade de integrar toda esta informação com todos os nossos sentidos.
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23 de jan. de 2010

OBSERVAÇÃO PUPILAR



1. Normais – Isocoria (= igualdade das pupilas)
2. Dilatadas – Midriáse
3. Contraídas – Miose
4. Assimétricas – Anisocoria

FONTE: http://mini-manual-tas.blogspot.com/2008/11/observao-pupilar.html
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TESTE DO OLHINHO

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Esse teste tem o objetivo de avaliar o reflexo dos olhos em bebês e crianças, possibilitando - o mais precocemente possível - a identificação de anormalidades e doenças oculares.
As mesmas se não forem tratadas com urgência, fatalmente prejudicarão e modificarão a qualidade de suas vidas para sempre, podendo - em casos mais graves - levar à cegueira ou à morte.
É importante esclarecer que ao nascer, o olho da criança está formado, porém a visão é desenvolvida conforme a estimulação luminosa recebida pela retina.
Para que a luz chegue até a retina é necessário que o seguimento anterior do olho (córnea, cristalino, humor vítreo e humor aquoso) esteja transparente. E o olho deve estar anatomicamente correspondendo às medidas normais e devidamente alinhado. Na ausência de um destes fatores, haverá comprometimento da visão. O teste do olhinho possibilita detectar qualquer uma destas anomalias. A cor do reflexo é a resposta.

A IMPORTÂNCIA DO TESTE DO OLHINHO
O objetivo fundamental deste exame é evitar a Ambliopia (conhecida como olho preguiçoso), que é o não desenvolvimento normal da visão de um dos olhos (raramente se manifesta bilateral), provocando baixa visão e até cegueira.
Existem três causas que levam à ambliopia:
1. Patológica - Origens patológicas são causadas por doenças como glaucoma, catarata e câncer (retinoblastoma). Nestes casos, o optometrista identifica o problema através do reflexo e encaminha obrigatória e imediatamente para o médico oftalmologista, para o devido diagnóstico e tratamento;
2. Refrativa - Quando um dos olhos ou ambos nasce com anormalidades em suas medidas, apresentando alta dioptria (grau), como miopia, astigmatismo e hipermetropia. Aqui, o optometrista está legalmente capacitado para solucionar o problema prescrevendo o uso de óculos, além de terapias para estimular o desenvolvimento da visão;
3. Estrábica - A criança apresenta desvio ocular. No primeiro momento, o optometrista realiza exercícios ou outros procedimentos para que a luz chegue até a retina, desenvolvendo a visão. Em seguida, o bebê é encaminhado para o médico oftalmologista, onde a cirurgia corrige o desvio ocular.

COMO SE FAZ O TESTE DO OLHINHO?
Ele é rápido (com duração média de dois minutos), fácil, indolor para o bebê e dispensa instilação de anestésicos ou colírios. O Optometrista utiliza uma fonte de luz que sai de um aparelho chamado oftalmoscópio, observa os olhos do bebê, analisando o reflexo através das pupilas. Quando a retina é atingida por essa luz, os olhos saudáveis refletem simetricamente reflexos vermelhos.

DADOS IMPORTANTES
A Organização Mundial de Saúde divulga que, pelo menos 60% das causas de cegueira ou de grave seqüela visual infantil podem ser prevenidas ou tratáveis, se forem detectadas precocemente.

Além disso, mais de 50% das crianças somente têm o problema de visão descoberto quando estão cegas, ou quase cegas, para o resto da vida. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 16,5 milhões de brasileiros (10% da população) sofrem de algum tipo de deficiência visual. Desse total, 20% a 30% são crianças." Daí a importância fundamental do Teste do Olhinho.
É importante que esse teste seja feito na criança ainda bebê, pois algumas dessas doenças, como a ambliopia, só podem ser curadas até por volta dos 7 anos de idade.


Fonte: Jornal do Comércio RS
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22 de jan. de 2010

O DESEMPENHO VISUAL

A Interação do sistema visuo-Óculo-motor





- A acuidade visual, A.V., pe uma medida da resolução visual, ou seja, da capacidade de discriminar detalhes. Na maior parte das vezes a acuidade visual refere-se à "acuidade de reconhecimento", uma função visual mais complexa.

- Sensibilidade ao contraste é a capacidade de detectar diferenças de brilho (luminância) entre duas superfícies adjacentes.

- O Campo Visual refere-se a uma área/espaço específico percebido pelos dois olhos.

- Adaptação no escuro nos capacita a ver em baixa luminosidade, fornecendo a "visão noturna".

- Adaptação à luz faz com que nossos olhos se acostumem à luz brilhante, evitando o deslumbramento.

- Visão de cores refere-se à capacidade de perceber e distinguir entre diferentes tonalidades de cor.

- Visão binocular resulta da coordenação simultânea das imagens percebidas dos dois olhos, levando à percepção de profundidade.

- "Percepção visual" é usada tanto para especificamente percepção visual de extensão, direção e orientação espaciais, de forma, de textura e de movimento, como para a habilidade perceptual visual total.

- As "funções óculo-motoras" desenvolvem-se simultaneamente e conjuntamente com as várias funções visuais; por exemplo, focalizar e acompanhar objetos.

FONTE: LINDSTEDT, Eva. Abordagem Clínica de Crianças com Baixa Visão. p.48-49, in VEITAMAN, Silvia. Visão subnormal - Rio de Janeiro: Cultura Médica. São Paulo: CBO: CIBA Vision, 2000. 192p. - (Manuais básicos / CBO : 17). 1. Distúrbios da Visão. Titulo I.
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19 de jan. de 2010

COMO LER UMA PRESCRIÇÃO

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A maioria das prescrições tem quatro seções:
• o poder da base (esférica) e o tipo (positivo ou negativo);
• o poder do cilindro e o tipo;
• a orientação do eixo do cilindro (em graus, com 90 graus na vertical; um "x" significa "em");
• o poder do segmento bifocal ("mais" indicando "em acréscimo") e o tipo.
Um formulário curto de prescrição do oftalmologista ou optometrista poderia apresentar:
2,25 -1,50 x 127 mais +2,00
Isto significa:
• uma curva esférica da base de +2,25D (lente positiva);
• um cilindro de -1,50D a 127 graus (um cilindro negativo é somado à curvatura base);
• um segmento bifocal adicional de +2,00D.
A potência total da lente com o cilindro é +2,25 + (-1,50) = +0,75D. No segmento, a potência é de (+0,75) + (+2,00) = +2,75D. Sendo que, OD significa olho direito e OE olho esquerdo.
Resumo: como a lente é feita
No laboratório, a prescrição completa do paciente fornece os seguintes detalhes:
• a potência total (em dioptrias) que a lente acabada precisa ter;
• o poder e o tamanho do segmento (se necessário);
• a potência e a orientação de quaisquer curvas do cilindro;
• detalhes como a localização do centro óptico e de qualquer prisma induzido (definição na próxima seção), caso seja necessário.
O técnico do laboratório seleciona um bloco oftálmico que possui o segmento correto (chamado de adição) e uma curva da base próxima à potência prescrita. Assim, para que a potência fique exatamente de acordo com a prescrição, outra curva é escavada na parte de trás do bloco oftálmico.
• Na maioria dos laboratórios, o equipamento é projetado para desbastar curvas negativas. Sendo assim, normalmente se escolhe um bloco oftálmico positivo.
• Se a curva da base é muito acentuada, uma curva negativa é desbastada atrás da lente, o que reduz a sua potência total.
Por exemplo, um bloco oftálmico bastante comum tem +6,00 dioptrias. Se a prescrição requer um total de +2,00 dioptrias, uma curva de -4,00 dioptrias é escavada atrás: (+6,00D) + (-4,00D) = +2,00D (veja ilustração abaixo). Se necessário, a curva do cilindro também é escavada ao mesmo tempo.



Se a prescrição requer uma lente negativa, o bloco oftálmico de +6,00 dioptrias ainda pode ser usado. Para confeccionar uma lente com poder de -2,00 dioptrias, uma curva de -8,00 dioptrias é desbastada na parte de trás: (+6,00D) + (-8,00D) = -2,00D.



FONTE:Como funciona a visão
por Dr. Carl Bianco, M.D. - traduzido por HowStuffWorks Brasil
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18 de jan. de 2010

O QUE TENHO APRENDIDO COM OS ATENDIMENTOS AS CRIANÇAS COM DÉFICITS CORTICAIS


Os atendimentos que tenho realizado com crianças com déficits corticais, as quais me exigem maior estudo, além de pesquisas, critérios durante os atendimentos e avaliações constantes, tem contribuído muito para uma melhor compreensão da aprendizagem propriamente dita.
Sabe-se que, no nascimento, o cérebro é o órgão mais imaturo de todos. Continua seu crescimento e desenvolvimento durante os primeiros anos de vida. Nas crianças com desenvolvimento normal seu tamanho se duplica no primeiro ano de vida (Kotulak, 1886). Sabemos agora que o desenvolvimento do cérebro ocorre como resultado da edificação de milhares de conexões neurológicas entre as células e o cérebro. Através de práticas é que se fortalecem as conexões, ou seja, cada repetição de cada experiência proporcionará os caminhos neurológicos relacionados com a execução de determinadas atividades. Por exemplo, quando um bebê junta as mãos na metade de seu corpo, depois de haver praticado esta ação cem vezes, um cruzamento neurológico está em seu lugar. Estes cruzamentos fazem as coisas mais fáceis e mais eficientes (Greenough, 1985).
Grande parte do cérebro é destinada, desde o nascimento, ao processamento visual, talvez, devido à visão, ser o primeiro canal sensorial que a criança emprega intencionalmente para acessar informações do mundo que a cerca. Conforme BARRAGA (1978), a aprendizagem visual depende não apenas do olho, mas também da capacidade do cérebro de realizar a funções, portanto, a capacidade de funcionamento visual da criança depende fundamentalmente do seu desenvolvimento. Suas experiências visuais primárias possuem um papel fundamental, de forma particular, independente de qual possa ser a qualidade desta visão. Quanto mais a criança olha, especialmente em pequena distância, mais ela estimula os canais perceptivos para o cérebro. Conforme o cérebro recebe mais e mais informações, há uma eventual acumulação de variedades de imagens visuais.
Pouco a pouco, as partes do córtex, disponíveis para processar os dados visuais, começam a ser usadas para autuar outro tipo de dados sensoriais se a qualidade destes dados é significativamente melhor. A única maneira de este processo ser desenvolvido como é devido é proporcionado durante a infância com experiências sensoriais em todos os canais, inclusive o visual (Kolb, 1998).
Segundo Piaget (1986), grande parte do desenvolvimento humano ocorre nos primeiros anos de vida através da coordenação das ações sensório-motoras. É preciso que toda criança, principalmente durante o período de evolução visual, seja estimulada de forma a desenvolver todas as suas capacidades e habilidades funcionais. A qualidade da intervenção que proporcionamos é que irá determinar se as crianças com estes desafios têm experiências sensoriais apropriadas para o crescimento cognitivo ou não. No entanto, se estas experiências não se proporcionam da maneira correta, podem ser prejudiciais. Eis, então, a necessidade de estudos e pesquisas, além da intervenção de uma equipe multidisciplinar durante este processo.
Além destes cuidados, devemos também levar em conta todas as áreas de desenvolvimento infantil. O fator emocional e sócio-emocional tem destaque durante este processo de aprendizagem, pois, os conflitos podem inibir a memória e o estresse prolongado pode quebrar os caminhos neurológicos até mesmo em algumas partes do cérebro. Também, quando as interações com outros meios de tais atendimentos sensoriais se associam as exigências, os níveis de estresse incluídos são maiores.
O único jeito de proporcionar atendimentos de qualidade sem causar estresse, é escolher atividades que acreditamos irão gerar prazer na criança, além de passar-lhe segurança e, para aquelas que geram um determinado conflito, devemos dar-lhes sinais de que poderemos parar ou continuar o atendimento. Podemos fazer, observando o que faz a criança ou mesmo ajudá-la no exercício de determinadas atividades dando-lhes dicas e/ou mostrando-lhes caminhos para efetivá-las, seguindo seu ritmo e nível de intensidade. Uma ótima dica é, após recuperar a autoconfiança, parar por alguns instantes e esperar para ver se a criança iniciará ou concluirá uma resposta e convidá-la a um novo comportamento (van Dijk, 2000).
Criar uma “rotina” é uma ótima estratégia educativa. Através da rotina é possível estruturar experiências de aprendizagem sem estresse.
O professor que trabalha com crianças com necessidades educativas especiais visuais no período preparatório deve estar atento para o fato de que a construção do sistema sensório-perceptivo e de representação simbólica da criança com baixa visão se organiza por um caminho diferente daquele da criança vidente. Sua interação ativa e significante com o mundo concreto é representada por diferentes construções: manipulação, exploração e discriminação referentes às características, função, conceito ou representação, noção de causalidade e permanência de objetos. Por isso suas produções simbólicas e figurativas são incomparáveis.
A utilização de outros canais sensitivos é de grande importância durante este processo inicial. A utilização de recursos é fundamental para sua aprendizagem. É necessário que a criança manipule o objeto e o profissional deve, inicialmente, ajudá-la a identificar características similares e/ou que diferem de outros objetos do conhecimento e reconhecimento da criança. Aos poucos, com a apresentação de novos recursos a criança poderá contribuir mais com suas respostas (estas são de grande importância para um melhor direcionamento do profissional na realização de novas atividades).
O professor deve organizar situações concretas que estimulem e possibilitem a aquisição de novos conhecimentos, estando sempre pronto a responder as questões levantadas pelo aluno e, ao mesmo tempo, favorecer que ele descubra as respostas e crie questões novas a resolver.
O profissional deve procurar identificar o momento de fornecer o período de independência para a criança, afinal, se o profissional lhe der todas as informações acerca dos objetos como é que aquela criança poderá aprender algo se o cérebro de alguém está fazendo todo o plano de ação por ela?
A investigação sobre o potencial cerebral relacionado com atendimentos indica que há várias fases em cada atendimento e a atividade elétrica do cérebro pode medir-se durante cada fase. Deverão ser levados em conta, além da conscientização destas, o compromisso do profissional que irá trabalhar com uma criança deficiente visual, prioritariamente, crianças cegas e/ou com deficiências múltiplas. Ainda mais, deverá este profissional ter conhecimento tanto das bases e etapas de desenvolvimento infantil de crianças ditas normais, como também da área de saúde, especificamente, diagnósticos, prognósticos, adaptação de recursos ópticos (caso necessário) e embasamentos com referência a sua condição de aprendizagem.
Assim, uma criança com baixa visão, necessita de uma aprendizagem sistemática, dada por um professor especializado e precisa ser ensinada a usar os seus resíduos visuais para promover uma aprendizagem regular e intensiva e poder usar eficientemente as suas ajudas ópticas.
“Como é próprio dos indivíduos procurarem satisfazer seus impulsos, desejos e tendências, é da responsabilidade do professor oferecer ao aluno, ambiente adequado ao desenvolvimento de sua atividade natural, canalizando e guiando este impulso: o desejo de comunicação, o desejo da realização (fazer coisas), o desejo de investigação (curiosidade), o desejo de construção e produção.” (RUSSO, 2001, p. 29)
Podemos dizer, honestamente, que com a aplicação correta destes princípios teremos sempre bons resultados. São necessárias informações e capacitação para proporcionar este tipo de programação. Nenhum sistema senso-neural é idêntico a outro. As experiências e os comportamentos de cada criança são diferentes. Tudo deve ser levado em conta durante a programação de atividades para aquisição de novos elementos cognitivos, sociais, de comportamento, sensoriais e motoros. Geralmente, para que isto dê resultado, é necessário o trabalho conjunto de uma equipe.
Minha experiência nesta área confirma ainda mais minha crença de que, com uma atenção apropriada é possível realizar um bom trabalho e fornecer a estas crianças uma aprendizagem senso-motor satisfatória. Toda criança pode ser um aprendiz ativo com a possibilidade de alcançar todo seu potencial, sem importar a idade, capacidade ou complexidade de sua deficiência.
A criança com baixa visão, sem dúvida alguma, goza desta mesma capacidade, quer seja na construção de novos conhecimentos, a partir da interação com o meio ambiente, da relação com as pessoas, objetos e acontecimentos.

ESTUDO DE CASO

Quando conheci a Bianca (nome fictício), ela tinha entre dois e três anos de idade. Bianca não parecia responder a nenhuma resposta a luzes e cores que lhe eram apresentadas com uso da lanterna. Em sua aparência física podia-se perceber que seus olhos tremiam e desviavam ao acaso.
Com a inserção do programa de Estimulação Visual, em sua última avaliação, a criança apresentou: reação à luz, localização de objetos grandes, sensibilidade a contrastes, seguimento de luz e objetos em movimento, coordenação olho-mão e focalizarão de objetos iluminados e alcance visual. Porém, ainda não manipula objetos examinando-os visualmente, no entanto, hoje já mantém algum contato visual, rápido, e há momentos, quando solicitada, explora o ambiente visualmente, percebendo obstáculos de grande porte a sua frente, localização de portas e janelas, etc.
Sua visão também serve como um efeito de aprendizagem. No entanto, ainda devido seu impedimento visual, ainda encontra-se impossibilitada de aprender algumas atividades tão rapidamente, em comparação com uma criança dita “normal”. Bianca, está com 7 anos, iniciará o segundo ano, mas ainda não utiliza sua visão para leitura. Estuda numa Escola Regular, de ensino comum, e a maior parte de suas atividades de leitura são feitas oralmente e a escrita com a utilização de recursos adaptados como tipógrafo, atividades em relevo, etc.
Na estimulação visual, no final do ano de 2008, Bianca chegou a ler frases na fonte 50, mas, infelizmente por falta de continuidade nos atendimentos e interrupção de estímulos ela quase perde totalmente sua visão, deixando até de reconhecer luzes coloridas vermelhas (dizia que a lanterna estava apagada).
Hoje, Bianca já consegue ler pequenas palavras na fonte 100, realiza desenhos e colore figuras simples com grossos contornos e grandes contrastes, conta visualmente até três objetos apresentados, identifica a localização espacial de alguns objetos colocados a sua frente, entre outros. Sua visão é uma habilidade instruída, de forma que seu desenvolvimento requer estimulação e experiência. Como aprender como caminhar e falar utilizando a visão. Objetos com desígnios (padrões) são necessários para que permitam que as celas visuais de seu cérebro sejam desenvolvidas. Sem esta estimulação, estas áreas do cérebro não desenvolvem a habilidade para processar a informação visual. Esta doutrina, quando levada a sério e as atividades realizadas com regularidade, as áreas visuais do cérebro são estimuladas para maximizar o desenvolvimento da visão. Não há exercícios que fazem os músculos dos olhos mais fortes ou que curam enfermidades ou anormalidades do cérebro. As atividades contribuem para o desenvolvimento da visão da criança.
Conhecer a etapa do desenvolvimento em que se encontra é fundamental para a compreensão de suas necessidades e organização de um programa de acompanhamento e orientação. Através desta avaliação temos uma visão de seu desenvolvimento integral o que facilitará a realização de uma intervenção adequada.
Bianca é estimulada globalmente, porém com ênfase no desenvolvimento da eficiência visual. Os pais são orientados a estimularem sua filha, incentivando-a a descobrir o que ela é capaz de ver, motivá-la a descobrir suas possibilidades e utilizar a melhor maneira possível os seus sentidos, assim ela passará a gostar de ver e a utilizar sua visão residual de forma mais eficiente.
É preciso o conhecimento e a confiança mútua. Os pais são orientados a lidar com sua filha, as diversas formas de estimulá-la no dia-a-dia e restringir seus limites. São eles que passam a maior parte do tempo com a criança e, além disso, os vínculos familiares são a base para a formação e desenvolvimento da personalidade.
Pretende-se que a Bianca aprenda a lidar com a sua própria limitação, ter auto-estima suficiente para poder superar os obstáculos e adquirir autonomia e independência real que se iniciam desde a mais tenra idade. Cabe a todos nós enxergarmos que além da deficiência existe uma criança e suas limitações não deve ser atribuído a ela, mas a perda visual.


BIBLIOGRAFIA
BARRAGA, C. Natalie. Guia do Professor para o Desenvolvimento da Capacidade da Aprendizagem Visual – FLCB, São Paulo, 1978. Tradução Jurema Venturine e outros..
Greenough, W.T. (1987). Experience and brain development. Child Development, 58, 539-559.
Kolb, Bryan. (1998). Brain plasticity and behavior. Psychology: Annual Review, 1998.
Kotulak, R. (1996). Inside the Brain. Kansas City: Andrews and McMeel.
PIAGET, Jean. A representação do mundo pela criança. (s.d.) Rio de Janeiro, Record. 1986.
RUSSO, Maria Angélica. Didática uma Proposta Reflexiva. Fortaleza – Ce, Premius Editora e Edições Livro Técnico, 2001.
Van Dijk, J. (2000). Unpublished lecture. 2001 Texas Symposium on Deafblindness. Dallas, Texas.
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"Muitas mudanças ocorreram nos últimos vinte anos, quando teve início a prática da Baixa Visão em nosso país. O oftalmologista brasileiro, porém, ainda não se conscientizou da responsabilidade que lhe cabe ao determinar se o paciente deve ou não receber um tratamento específico nessa área. Infelizmente, a grande maioria dos pacientes atendidos e tratados permanece sem orientação, convivendo, por muitos anos com uma condição de cegueira desnecessária." (VEITZMAN, 2000, p.3)

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NÃO ESQUEÇA!....

NÃO ESQUEÇA!....

FONTES PARA PESQUISA

  • A VIDA DO BEBÊ - DR. RINALDO DE LAMARE
  • COLEÇÃO DE MANUAIS BÁSICOS CBO - CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA
  • DIDÁTICA: UMA HISTÓRIA REFLEXIVA -PROFª ANGÉLICA RUSSO
  • EDUCAÇÃO INFANTIL: Estratégias o Orientação Pedagógica para Educação de Crianças com Necessidades Educativas Visuais - MARILDA M. G. BRUNO
  • REVISTA BENJAMIN CONSTANT - INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT