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20 de mai. de 2009

A REAÇÃO PUPILAR E SUA IMPORTÂNCIA

 
No início do trabalho com crianças de baixa visão, especificamente nos atendimentos com estimulação visual, sempre me perguntava “quando?”, “até quando?” e se “é preciso?” utilizar a técnica da luz de lanterna, e ainda, “como?”. Tais dúvidas me fizeram pesquisar através de livros e até marcar consultas e/ou fazer visitas aos oftalmologistas para pedir esclarecimentos, tirar dúvidas e até solicitar ajudas e conselhos.

Foi difícil, mas consegui tirar algumas dúvidas quanto a estes questionamentos. Espero que tais informações possam ajudá-los. E, caso tenham dúvidas quando a sua veracidade procurem profissionais oftalmologistas que possam ajudá-los, assim como foi o meu caso.
Uma das formas de se adquirir maiores informações está durante aplicação de conhecimentos teóricos adquiridos anteriormente. No entanto, é preciso saber observar certos detalhes, como: reações faciais, reflexos pupilares, movimentos óculo-motor e se há resposta por parte da criança (consciência da existência do objeto de observação).
A maior interrogação era quanto à mudança da dimensão das pupilas na apresentação de luz branca e coloridas, bem como, quando permaneciam por algum tempo em lugares escuros e mediante a aproximação de objetos. De acordo com DANTAS & ZANGALLI (1999, p. 256): “A incidência dos raios luminosos sobre a pupila leva à modificação do diâmetro das mesmas.” É o mesmo efeito encontrado na adaptação automática do diafragma de uma máquina fotográfica. Essa modificação do diâmetro da pupila é conhecida como reflexo pupilar. Muitos reflexos permanecem entre os adultos, mas os reflexos primitivos (de recém-nascido) desaparecem na medida em que o córtex vai se desenvolvendo totalmente.
O movimento de contração pupilar protege a retina e os fotorreceptores contra a exposição excessiva aos raios luminosos, além de tornar mais nítida à imagem óptica de um objeto que se projeta sobre a retina, principalmente em ambientes bem iluminados. A contração da pupila acontece quando se vê um objeto próximo (reflexo de acomodação) ou há uma estimulação luminosa (reflexo fotomotor). Num olho normal, diante da projeção da luz, ocorre uma contração breve, relaxando-se ligeiramente até que o diâmetro pupilar fique constante.
Ao posicionar a luz da lanterna incidindo sobre os olhos percebe-se uma reação pupilar denominada de arco reflexo. O arco reflexo é uma reação involuntária instantânea, consciente ou não, que visa proteger ou ajustar o organismo. Tal reação origina-se de estímulos externos (neste caso, a luz da lanterna) antes mesmo do cérebro tomar conhecimento do estímulo periférico, conseqüentemente, antes deste comandar uma resposta. “O arco reflexo não envolve o córtex cerebral; portanto as reações pupilares não se tornam conscientes.” (DANTAS & ZANGALLI, 1999, p. 256)
O diâmetro da pupila muda em resposta à luz e ao esforço para focalizar um objeto próximo. O diâmetro pupilar depende dos seguintes e principais fatores diretos: tecido iriano, impulso parassimpático, impulso simpático, fatores humorais. Ainda, diversas influências indiretas também interferem, conduzindo suas informações através dos fatores diretos.
Quando ocorrem comportamentos anômalos das pupilas sugere-se tratar-se especialmente de doenças no nervo óptico, e, de forma menos significativa poderá tratar-se de lesões retinianas maculares. Na cegueira cortical e na simulação de cegueira as pupilas comportam-se de maneira normal.
O reflexo de perto (convergência e acomodação) que acontece durante aproximação progressiva de um objeto fixado pelo centro para a visão nítida desencadeia três reflexos diferentes:
1. Convergência: os eixos de ambos os olhos convergem sobre o objeto. Desta forma, as imagens do objeto se projetem exatamente sobre as áreas correspondentes das retinas, ou seja, sobre as áreas de maior acuidade visual;
2. Acomodação: a contração do músculo ciliar leva o cristalino, a tomar uma forma mais arredondada, assim, a imagem permanece focalizada durante todo o percurso de aproximação do objeto.
3. Contração das pupilas: a contração pupilar faz com que a imagem continue apresentando contornos nítidos.
“Estas três reações podem ser desencadeadas pela fixação voluntária do olhar sobre um objeto próximo. Elas se instalam de forma reflexa toda vez que um objeto distante se aproxima simultaneamente.” (DANTAS & ZANGALLI, 1999, p. 258)
É preciso conhecer as condições visuais de uma criança antes de iniciar sua estimulação visual. É sempre recomendado acompanhar as consultas oftalmológicas, assim poderá tirar dúvidas e obter maiores informações, assim como, qualquer alteração na reação pupilar da criança, durante os atendimentos, devem ser comunicados ao oftalmologista.
Em alguns casos, é preciso utilizar estímulos com luzes de lanterna para treino dos reflexos pupilares, necessariamente em casos de reflexos pupilares lentos. O exercício de atividades de contraste seja com uso de luzes de lanterna ou não também contribuem para o bom desempenho pupilar. O médico-oftalmologista, especialista em baixa visão, ou o profissional técnico de estimulação visual também poderão ajudar.
É importante ressaltar o cuidado que se deve ter com relação à utilização de folhas e superfícies brilhosas na confecção ou uso de recursos para baixa visão, principalmente se for utilizado com o objetivo de desenvolver habilidades funcionais visuais, pois, os reflexos causados por estes tipos de materiais podem prejudicar a evolução destas habilidades em crianças com resíduo visual.
As informações obtidas com relação ao desenvolvimento de habilidades visuais é prioridade para o conhecimento dos pais, pois estes podem contribuir reforçando os estímulos em seus lares, bem como, tal conhecimento, favorecerá maior interesse e credibilidade deste serviço. Sabemos que, nos períodos iniciais, as respostas são lentas e isto favorece a descredibilidade com relação a aquisição de melhorias quanto ao desenvolvimento da criança.
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"Muitas mudanças ocorreram nos últimos vinte anos, quando teve início a prática da Baixa Visão em nosso país. O oftalmologista brasileiro, porém, ainda não se conscientizou da responsabilidade que lhe cabe ao determinar se o paciente deve ou não receber um tratamento específico nessa área. Infelizmente, a grande maioria dos pacientes atendidos e tratados permanece sem orientação, convivendo, por muitos anos com uma condição de cegueira desnecessária." (VEITZMAN, 2000, p.3)

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NÃO ESQUEÇA!....

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FONTES PARA PESQUISA

  • A VIDA DO BEBÊ - DR. RINALDO DE LAMARE
  • COLEÇÃO DE MANUAIS BÁSICOS CBO - CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA
  • DIDÁTICA: UMA HISTÓRIA REFLEXIVA -PROFª ANGÉLICA RUSSO
  • EDUCAÇÃO INFANTIL: Estratégias o Orientação Pedagógica para Educação de Crianças com Necessidades Educativas Visuais - MARILDA M. G. BRUNO
  • REVISTA BENJAMIN CONSTANT - INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT