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28 de ago. de 2011

Reorganizando neurônios

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Publicação: 18 de Outubro de 2009 às 00:00
Isaac Ribeiro - Repórter

Vítimas com sérias sequelas motoras ocasionadas por acidentes graves, portadores de síndromes e distúrbios neurológicos, como aneurisma, autismo, e até mesmo Parkinson e Alzheimer, têm no método Padovan de reorganização neurofuncional uma chance de restabelecer seus movimentos e, quiçá, voltar a ter uma vida mais próxima da normalidade.

O método foi criado pela fonoaudióloga brasileira Beatriz Padovan, na década de 1970, baseado nos ensinamentos do pedagogo e filósofo alemão-austríaco Rudolf Steiner sobre os pilares básicos da organização neurofuncional: andar, falar e pensar. Quando um desses elos se desconecta, o ser humano fatalmente padece da integridade de suas funções.

Através de estímulos, movimentos e exercícios específicos, o método Padovan reprograma o indivíduo do ponto de vista neurológico, em busca da recuperação de seu equilíbrio pleno.
Alex RégisIsadora portadora de Síndrome de Down, é submetida a sessão do método Padovan com as fonoaudiólogasIsadora portadora de Síndrome de Down, é submetida a sessão do método Padovan com as fonoaudiólogas

A fonoaudióloga Elizabeth Montenegro - que juntamente com sua sócia e também fono Vivianny Lopes são pioneiras do método em Natal - explica que a técnica pode ser aplicada em todas as faixas etárias, do bebê à terceira idade, com excelentes resultados.

Para ser aplicado, o método Padovan não necessita sequer da colaboração do paciente - pois não é preciso que seu nível de consciência esteja normal para que as estimulações surtam efeito - e pode ser aplicado em consultórios, em leitos e UTIs de hospitais e também em domicílio.

"Podemos aplicar o método em indivíduos que não adquiriram determinadas funções, como os bebês; ou naquelas pessoas em que as funções foram sendo perdidas pela própria idade, no caso dos idosos, ou por alguma patologia", esclarece Elizabeth Montenegro. "Aplicamos inclusive em pacientes em coma. Só não fazemos naqueles que estão entubados."

Método Padovan é indicado para todas as faixas etárias

Os resultados positivos do método Padovan têm mudado a vida de muita gente; não só de quem realiza o tratamento, mas também de seus familiares.

Ao ser diagnosticada Síndrome de Down em sua filha Isadora, a bancária Lorena Rocha diz ter-se dado conta que estava diante de um modo diferente de encarar a vida, "um mundo novo, cheio de limitações". Mas seus receios diante do que estaria por vir foram logo desfeitos pelas perspectivas otimistas que o método Padovan lhe oferecia. "Descobri pesquisando na internet."

Lorena conta ter procurado as fonoaudiólogas Elizabeth e Vivianny, que lhe mostraram a importância de iniciar o tratamento, a partir do método, o quanto antes. A pequena Isadora, hoje com quatro meses de vida, passou doze dias na UTI, e já no 13º dia, ao sair, iniciou o Padovan.

A criança portadora de Síndrome de Down apresenta algumas limitações genéticas, tem uma certa dificuldade para mamar e sustentar o pescoço, já que é pouco ativa e aparenta estar sempre "molinha" - estado denominado hipotonia.

"A partir do momento que conheci as médicas e o método Padovan, as coisas começaram a mudar. Hoje minha filha sustenta o pescoço, rola e mama normalmente", relata Lorena Rocha, para quem o método deveria ser mais difundido. "Se não tivesse conhecido, teria perdido muito tempo. Hoje, fico pensando: tenho até dó de quem não tem acesso a esse método."

No caso do alfaiate aposentado Milanêz Cavalcanti Sobrinho, 91 anos, o encaminhamento para tratar-se com o método Padovan partiu do neurologista que o acompanhava. Há cinco anos ele é tratado pelas fonoaudiólogas e os resultados impressionam sua filha Ana Maria Cavalcanti de Souza, 61 anos. "Se não fosse esse tratamento, não sei como ele estaria hoje."

A salivação excessiva era o que mais incomodava seu pai; além da dificuldade nos movimentos, cada vez mais travados. "Noto que ele melhorou muito. Hoje ele faz caminhadas no final da tarde, sempre acompanhado por alguém", conta Ana Maria.

Outra reação percebida por ela é a de que o método Padovan ajudou muito a condição psicológica de seu pai frente à doença. "Ele passou a encarar de uma forma melhor o problema de saúde."

Para cada caso, o método prevê uma série de movimentos e exercícios específicos. Nas sessões da pequena Isadora, ela é colocada numa rede giratória e estimulada pela especialista e pela própria mãe. Seria uma forma de remeter ao ambiente intrauterino. Depois, são feitos movimentos alternados na cabeça, de um lado para o outro. Por fim, o bebê é "rolado" no colchão. Em nenhum momento, a criança esboçou choro ou descontentamento.

Já em Milanêz Cavalcanti, o tratamento é aplicado na escada para braquiação - exercício que consiste em movimentar-se em suspensão, segurando com as mãos em barras (no caso, da escada). "Também trabalhamos o agachamento para melhorar o funcionamento da bexiga", comenta Elizabeth Montenegro.

Especialistas aplicam exercícios específicos

Para entrar na sala onde o método Padovan é aplicado, é preciso tirar os sapatos e respeitar a aura reinante de paz e tranquilidade. É preciso haver bastante concentração e interação entre paciente e médico. Mas só após uma consulta de avaliação e de escolhida a forma de atuação é que o tratamento propriamente dito é iniciado.

A sala é munida com alguns equipamentos especiais como uma escada para exercícios de braquiação (punho, braços e pernas), uma rede giratória, importante para o estímulo vestibular, ou seja, trabalha o equilíbrio; e ainda uma cadeira refratária, onde são realizados outros exercícios.

"O método não se limita ao atendimento de crianças com falhas no seu desenvolvimento ou com imaturidade neurológica. Ele é igualmente eficaz em indivíduos que sofrem graves agressões no sistema nervoso", explica a fonoaudióloga Vivianny Lopes. "Não é como na fonoaudiologia tradicional. O diferencial desse método é atender todas as idades e todas as patologias", acrescenta Elizabeth Montenegro.

Basicamente são estimulados corpo, boca e olhos. Segundo as especialistas, os movimentos corporais recaptulam a evolução neurológica. "Todos os movimentos que utilizamos fazem parte da genética do ser humano, sendo utilizada a memória das células. Essa plasticidade funcional faz com que os estímulos intervenham de forma positiva na formação de novos caminhos sinápticos", complementa Elizabeth.

Na boca são estimuladas as funções reflexo-vegetativas orais (sucção, mastigação, deglutição e respiração). Na visão, o paciente recebe estímulos luminosos, reflexo foto-motores e movimentos oculares. "No paciente torporoso, sedado ou em coma, estimular a visão através do reflexo foto-motor é de fundamental importância devido à correspondência perfeita entre a retina e o córtex visual." Para maiores informações: 3211 2429 ou vidafono@hotmail.com.

FONTE: http://tribunadonorte.com.br/noticia/reorganizando-neuronios/128555
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"Muitas mudanças ocorreram nos últimos vinte anos, quando teve início a prática da Baixa Visão em nosso país. O oftalmologista brasileiro, porém, ainda não se conscientizou da responsabilidade que lhe cabe ao determinar se o paciente deve ou não receber um tratamento específico nessa área. Infelizmente, a grande maioria dos pacientes atendidos e tratados permanece sem orientação, convivendo, por muitos anos com uma condição de cegueira desnecessária." (VEITZMAN, 2000, p.3)

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FONTES PARA PESQUISA

  • A VIDA DO BEBÊ - DR. RINALDO DE LAMARE
  • COLEÇÃO DE MANUAIS BÁSICOS CBO - CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA
  • DIDÁTICA: UMA HISTÓRIA REFLEXIVA -PROFª ANGÉLICA RUSSO
  • EDUCAÇÃO INFANTIL: Estratégias o Orientação Pedagógica para Educação de Crianças com Necessidades Educativas Visuais - MARILDA M. G. BRUNO
  • REVISTA BENJAMIN CONSTANT - INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT