O défice visual traduz-se numa redução da quantidade de informação que a criança recebe do meio-ambiente, restringindo a quantidade de dados recebidos e que são de extrema importância para a construção do conhecimento.
É considerada deficiente visual toda a criança cujas dificuldades visuais afectem a aprendizagem.
A criança deficiente visual pode enquadrar-se em três situações: cegueira (ausência total de visão), visão residual ou sub-visão (acuidade visual inferior ou igual a 0,1 no melhor olho) e visão parcial (acuidade visual superior a 0,1 até 0,5).
As crianças com défice visual encontram dificuldades na percepção de vários aspectos visuais: objectos situados em ambientes mal iluminados, objectos ou materiais colocados sobre fundos de cor semelhante, objectos e seres vivos em movimento, profundidade, formas compostas, representações de objectos tridimensionais e formas desproporcionadas. Têm assim, problemas de coordenação visual e motora, percepção do contraste figura-fundo, constância da forma, da posição do espaço e das relações espaciais.
Este conjunto de factores constitui um entrave à aprendizagem, condicionando-a; daí que tenhamos que proporcionar um ambiente favorável à aprendizagem destas crianças, que deve obedecer a determinadas condições, tais como:
- A iluminação - qualquer ambiente que rodeie o deficiente visual deve proporcionar-lhe a máxima visibilidade, sobretudo quando este tiver de executar trabalhos que impliquem pequenos pormenores. Uma tarefa pode tornar-se simples ou complexa em função da iluminação ambiente.
- As ampliações - tudo aquilo que é apresentado à criança (imagens, caracteres, palavras, frases ou textos) deve ser redimensionado em tamanho bastante grande, para que ela possa ver bem. O que é escrito, no quadro ou no seu caderno, também ter um tamanho grande - as letras devem ser claras e uniformes e os espaços entre as palavras devem ser também uniformes, assim como o espaço entre as linhas, para facilitar a leitura.
- As representações em relevo - é preferível mostrar à criança os objectos reais em vez de imagens que os ilustrem, pois ela poderá manipulá-los e ter uma melhor percepção daquilo que vê.
- A estimulação visual - a criança pode "aprender a ver" a partir de tarefas visuais individualizadas e motivantes que passem por: facultar-lhe objectos de cores fortes e brilhantes, despertando a sua atenção para os pormenores dos mesmos; focar a sua atenção em objectos em movimento que estejam perto e se destaquem, fazendo-os entrar no seu campo visual; desenhar objectos grandes, com cores fortes e luminosas e explorá-los com a criança (à medida que a sua acuidade visual for aumentando, vai-se diminuindo o tamanho dos desenhos, tornando-os mais esquemáticos e aplicando-lhes contornos e mais pormenores); mostrar-lhe desenhos que indiquem acção e pedir-lhe que imite os movimentos inerentes às acções visualizadas, que indique as diferenças entre as pessoas e os objectos dos desenhos ou entre os animais e as pessoas).
- O contraste - revela-se crucial para uma maior legibilidade que exista um grande contraste de cor entre as letras ou imagens e o fundo sobre o qual estão expostas. Preferencialmente, devem ser usadas letras claras sobre fundos escuros (amarelo ou branco sobre preto ou azul escuro).
Depois de criadas as condições que possibilitam a aprendizagem, devem ser realizadas tarefas lúdicas, que motivem a criança.
Tudo o que for material manipulável, com poucos pormenores será um incentivo para a criança.
Posto isto, devem ser realizadas tarefas do tipo (sem nunca esquecer de ampliar, tanto as imagens como as palavras):
- jogos de associação de palavra imagem ou imagem objecto;
- jogos de associação de números - quantidade (de preferência com objectos para representar as quantidades);
- contagens com materiais (lápis, canetas, tampas, rolhas, etc.);
- números grandes para ordenar, de forma crescente e decrescente (numa fase posterior);
- jogos tipo loto de leitura (sempre com tamanhos ampliados);
- dominó (com peças grandes);
- representações do corpo humano grandes, que a criança possa reconstruir ou vestir;
- puzzles;
- tangram (em tamanho grande);
- labirintos grandes;
- livros com peças de encaixe;
- letras ou sílabas móveis para formar palavras;
- jogos de expressão musical e expressão dramática que tenham como objectivo a desinibição do aluno e a imitação do mundo real;
- pinturas e desenhos em folhas grandes (de preferência realizados em parceria com um adulto).
Esperamos que estas informações e propostas o(a) ajudem na sua prática pedagógica, contribuindo para o desenvolvimento destas crianças.
Nunca se esqueça de que elas vão precisar sempre de realizar tarefas adequadas às suas necessidades, para que não se desmotivem.
Às vezes, a falta de motivação é a principal causa dos seus problemas.
O seu ritmo e as suas condições especiais de aprendizagem devem ser sempre respeitadas.
- Nota: As crianças com cegueira total, devem aprender o Braille, pois este é uma mais valia para elas e um grande facilitador da aprendizagem.
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