Esse blog foi criado com o intuito de auxiliar pais, estudantes e profissionais com relação a dúvidas e fonte de pesquisa para realização de trabalhos práticos e teóricos, bem como, no esclarecimento para melhor entendimento dos serviços de estimulação e reabilitação visual com um enfoque pedagógico.
19 de dez. de 2008
PAIS E BEBÊS COM BAIXA VISÃO
Os pais de crianças com deficiência visual, ao primeiro diagnóstico, o encaram com problemas emocionais, repleto de trauma e aflição. Acontece uma desordem e uma indecisão que acometem o escurecimento de seus raciocínios até que estes, após uma grande pausa, possam começar a entender e aceitar a realidade da situação. Quando isto acontece, tendem a procurar informações através de sistemas de apoio, pesquisas e até leituras buscando solucionar e/ou aprender a lidar com situações-problemas existentes e que irão por vir.
As causas mais freqüentes das deficiências visuais na primeira infância, de acordo com Bruno (2006), são:
- Coriorretinite por toxoplasmose congênita (infestação pelo protozoário Gondi na gestação);
- Catarata por síndrome da rubéola congênita (mãe adquire rubéola na gestação);
- Retinopatia por prematuridade, hemorragias e lesões vasculares;
- Malformações oculares, encefalopatias e síndromes;
- Atrofia óptica por infecções, vírus, bactérias, alterações no sistema nervoso central por anóxia ou hipóxia, meningite, encefalite e hidrocefalia, e
- Deficiência visual cortical pelas causas já citadas, drogas de todos os tipos e quadros convulsivos.
Existem seis etapas de desenvolvimento nas quais, os pais, bem como membros de uma equipe clinico-terapeutica-educacional, participem. Os pais, juntamente aos demais membros desta equipe, são responsáveis diretos de oferecer oportunidades nestas diferentes etapas visando identificar as variáveis a considerar e as decisões a tomar à medida que o desafio é maior. Com o desenvolvimento do bebê e aumento de suas responsabilidades paternas, o foco gradativamente se repete favorecendo uma participação bem mais ativa com relação às decisões educativas e pessoais. Inicialmente, para que isso aconteça e esta participação ocorra de forma funcional e necessária, os pais deverão estar conscientizados da precisão destas informações.
Como todo recém-nascido, o bebê com déficit visual, depende do outro (pais, educadores, entre outros) para que estes dêem acolhidas às suas necessidades, desejos, sentimentos, medos e angústias. No entanto, mais do que as outras crianças, ele precisa de pessoas disponíveis para lhe descrever o mundo, falar sobre o que acontece, contar como as pessoas agem e brincam para que possa formar suas percepções, interpretar situações e compreender o mundo. Caso isso não aconteça, o desconhecido (como situações novas, pessoas não familiares, ambientes confusos e ruídos) poderá gerar tensões, tornando a criança insegura, acarretando-lhe muitas vezes uma desorganização psíquica, manifestada por comportamentos de ansiedade, agitação, irritabilidade ou, de outra forma, apresentando-se apática, distante e alheia a tudo e a todos.
Como forma de prevenir tais situações, os pais contam com o apoio dos professores especialistas em baixa visão. São eles que estabelecem uma comunicação e afinidade com os pais, dando-lhes apoio positivo, interpretando as informações clínicas dadas pelos médicos oftalmologistas, tirando dúvidas e tratando de responder perguntas de forma honesta ou indicando profissionais adequados e/ou materiais adaptados necessários. Além disso, podem também, adaptar técnicas de ensino para os pais durante suas visitas e deixar instruções escritas a respeito de tarefas que os pais possam realizar diariamente para estímulo das áreas tátil, visual e auditiva, incentivando-os para que conversem com o bebê desde cedo nomeando objetos, sons e ações.
Esta etapa é sempre a mais difícil, pois, os pais nem sempre se sentem seguros para tais responsabilidades, assim como, quando não totalmente conscientizados, principalmente quando desconhecem totalmente da veracidade destes programas, muitos deixam a desejar e isso obviamente irá prejudicar o desenvolvimento de seu filho. É preciso haver uma comunicação satisfatória e, além disso, uma interação e parceria deste com os profissionais de apoio, durante cada fase alcançada.
Alguns estudos mostram que a criança portadora de cegueira total pode apresentar um melhor ajustamento do que a de visão subnormal; o que, talvez, possa ser explicado, pela dicotomia de precisarem viver entre dois mundos e porque os pais e os educadores tendem a esperar mais delas do que das totalmente cegas, sem fazer idéia de quão defeituosa é essa visão, ou em que características particulares reside a sua deficiência (ZIMMERMAN, 1965).
De acordo com Scholl, a criança com baixa visão necessitará de oportunidades de aprendizagem, através de experiências sensoriais “significativas” compensatórias por meio de suas outras vias perceptivas não afetadas. O que quer dizer que não basta entregar-lhe o estimulo, é preciso criar as ocasiões de aprendizagem e não, simplesmente, de estimulação. Isto, obviamente, se entendermos por estimulação algo dado à criança com um conhecimento prévio de seu sistema de motivação, bem como do que é apropriado ao seu nível de desenvolvimento. A oportunidade para aprendizagem implica muito mais que isso, envolve todo "um clima emocional onde é dada à criança orientação e liberdade em proporções justas e relativas às suas necessidades como uma personalidade em desenvolvimento”. (NORRIS et al., 1957).
De acordo com estas colocações, é possível compreender a precisão desta assistência, tanto por parte dos pais quanto dos profissionais diversificados de atendimentos. Vemos o quanto a criança com déficit visual pode ser mal conduzida em seu desenvolvimento e aprendizagem, quando guiada pela dúvida, super-proteção e, até mesmo pelo desconhecimento das pessoas que a cercam. É preciso buscar informações e porquês. É preciso não ter medo de questionar fatos, casos e situações, além de experimentar, experienciar, e principalmente, observar as reações da criança, em diferentes tempos, modos e técnicas de aplicação, pois, somente ela, a criança, poderá mostrar qual o caminho certo e a intensidade do aproveitamento, além de seus desejos e necessidades. É preciso, acima de tudo, saber ouvir e enxergar a criança.
"Muitas mudanças ocorreram nos últimos vinte anos, quando teve início a prática da Baixa Visão em nosso país. O oftalmologista brasileiro, porém, ainda não se conscientizou da responsabilidade que lhe cabe ao determinar se o paciente deve ou não receber um tratamento específico nessa área. Infelizmente, a grande maioria dos pacientes atendidos e tratados permanece sem orientação, convivendo, por muitos anos com uma condição de cegueira desnecessária." (VEITZMAN, 2000, p.3)
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NÃO ESQUEÇA!....
FONTES PARA PESQUISA
- A VIDA DO BEBÊ - DR. RINALDO DE LAMARE
- COLEÇÃO DE MANUAIS BÁSICOS CBO - CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA
- DIDÁTICA: UMA HISTÓRIA REFLEXIVA -PROFª ANGÉLICA RUSSO
- EDUCAÇÃO INFANTIL: Estratégias o Orientação Pedagógica para Educação de Crianças com Necessidades Educativas Visuais - MARILDA M. G. BRUNO
- REVISTA BENJAMIN CONSTANT - INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT
Bom dia
ResponderExcluirSou casada com uma pessoa com dificiência visual, o meu marido é portador de nistagmo congenito. Quando pensamos em ter um filho fizemos planeamento familiar, vários exames na tentativa de que o nosso filho fosse saudável. No entanto os médicos disseram-nos que não havia nada que nos pudesse-mos fazer pois haveria sempre 50% de hipóteses de nascer com nistagmo e 50% de nascer saudável. Resolvemos arriscar...e tivemos o nosso filho. A partir da quarta semana e comecei a identificar anomalias nos olhos do meu filho...e hoje sei que tem o mesmo problema. O meu filho tem hoje 15 meses...Ao meu marido sempre lhe disseram que não havia maneira de corrigir o problema e 34 anos depois dão-me a mesma resposta em relação ao meu filho, o que me revolta bastante.
Primeiro o meu filho começou a ter oscilações involuntárias dos olhos a partir dos sete meses começou a manifestar sensibilidade à luz.À noite anda bem, mas durante o dia tem dificuldade e receio em andar no exterior e principalmente em sitios que não lhe sejam familiares. Comecei a colocar-lhe oculos de sol e ele gostou e agora usa. Gostaria de um concelho, de opiniões de quem tenha conecimento do problema e da melhor maneira que devo agir para o ajudar e preparar.
Obrigada
Olá! o meu filho tem toxoplasmose congênita, e ele possui lesão nas duas máculas. Foi diagnosticado com baixa visão e hoje sabemos que é leve, mas passamos todo o desespero narrado acima. Se puder lhe aconselhar a mehor coisa é a reabilitação visual com o fisioterapeuta de visão subnormal e um médico oftalmologista especialista nesta area e te indico por mais absurdo que pareça, uma fonoaudiologa, pois assim, saberemos através de seu vocabulário se ele está com dificuldades em seu desenvolvimento funcional.
ResponderExcluirO nistagmo do meu filho está diminuindo com a estimulação e com o tampão. O processo é lento, mas de uma importância enorme.
Tudo que eles te pedirem para fazer em casa com ele, faça. A nossa tarefa é auxiliá-los o melhor possível.
Costumo dizer que não há uma receita de bolo, pois cada criança tem as suas especificidades, ou seja, o problema que o meu filho tem, pode ser que o seu não tenha. O meu não tem este problema direto com a claridade, mas ao fazer os exames de fundo de olho ele fica muito irritado e desconfortável com a claridade e só fica de óculos.
Não se preocupe com o tempo que ele vai levar para aprender as coisas e sim a direção que você vai conduzí-lo. Temos que ser pacientes e curtir estes presentes de Deus ao máximo. Boa sorte!
Obs: Caso necessite tenho os contatos dos médicos daqui de Belo Horizonte.